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Congresso americano traz novidades em pesquisa e tratamento de câncer

12/06/17 |

Todos os anos, no começo de junho, a cidade de Chicago, nos Estados Unidos, é invadida por oncologistas do mundo inteiro. Cerca de 40 mil profissionais fazem o possível para comparecer aos cinco dias de congresso da American Society of Clinical Oncology (Sociedade Americana de Oncologia Clínica, conhecida popularmente como Asco), onde são apresentados os estudos mais avançados sobre o universo do câncer. É o evento mais importante do ano para quem tem que lidar com a doença: se um dia descobrirem a cura do câncer, vai ser apresentada primeiro na Asco.

“Hoje é imprescindível para um oncologista participar da Asco”, explica o médico Rodrigo Rovere. Quem não pode ir, acompanha à distância, lê as publicações, conversa com os colegas e precisa se virar “nos 30” para se atualizar no que há de mais moderno em tratamentos, novas drogas, protocolos diferentes, cuidados paliativos e cuidados com o paciente. Segundo uma estimativa do Instituto Nacional do Câncer, no biênio 2016/2017 devem ser diagnosticados mais de 600 mil novos casos da doença no Brasil.

O Metrópoles conversou com médicos que estiveram na Asco para descobrir o que foi destaque na edição de 2017 do evento.

O estudo de fase III APHINITY observou a combinação terapêutica de dois medicamentos já aprovados no Brasil — pertuzumabe e trastuzumabe — e traz uma nova perspectiva para o tratamento de câncer de mama HER2+ em fase inicial. Em três anos do estudo, 94,1% das pessoas tratadas com o regime à base de pertuzumabe não apresentaram retorno do câncer de mama.

“Há 10 anos, o tratamento para estas pacientes era totalmente diferente. Hoje, estamos muito mais próximos de mudar a realidade de milhares de mulheres que ainda sofrem com a perda da possibilidade de cura, quando ocorre a recaída deste tipo agressivo do câncer”, explica Lênio Alvarenga, diretor médico da Roche Farma Brasil.

Outro trabalho que chamou atenção falava sobre gravidez após o câncer de mama. Após analisar mais de 1,2 mil pacientes, o estudo descobriu que não há aumento do risco de recidiva da doença nesses casos e que é seguro engravidar após o tratamento.

“A gravidez pós-diagnóstico de câncer de mama sempre foi um tema complexo e difícil na rotina oncológica”, explica o oncologista Lucianno dos Santos, da Acreditar, clínica do Grupo Oncologia D’Or em Brasília. Como a doença está intimamente ligada aos hormônios femininos, a gestação é um desafio e existe um receio de que a doença volte. Por isto, há pesquisas que tentam determinar qual é o tempo ideal para engravidar após o diagnóstico.

“Os resultados ainda não são conclusivos, mas ajudam na tomada de decisão. Não existe um modelo único, mas recomendamos sempre que ela seja feita em conjunto, levando-se em conta o paciente, sua família e o conhecimento médico atual. Dividir o peso desta decisão pode facilitar a escolha do caminho a trilhar”, afirma o médico.

Câncer de pulmão

O estudo ALEX de fase III avaliou o uso do alectinibe como tratamento inicial em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células avançado (CPNPC) e positivo para a alteração do gene ALK. Os dados demonstram redução significativa do risco de progressão da doença ou morte em 53%, quando comparado ao tratamento de referência, hoje feito com crizotinibe. Este tipo de câncer geralmente acomete pessoas mais jovens, com baixo ou nenhum histórico de tabagismo.

“A terapia com alectinibe reduziu em mais da metade o risco de progressão da doença, além de diminuir o risco de disseminação do câncer no cérebro e sistema nervoso central em 84%”, conta Lênio Alvarenga. Com este protocolo, o tempo médio de vida sem o agravamento do câncer foi estendido de menos de um ano para mais de dois anos.

Melanoma

O KEYNOTE-006 é um estudo randomizado, de fase III, estruturado para avaliar a imunoterapia anti-PD-1 da MSD, pembrolizumabe, em comparação à imunoterapia anti-CTLA-4, ipilimumabe, em pacientes com melanoma avançado, em estado clínico III irressecável ou estado clínico IV, com ou sem terapia prévia. Os dados atuais mostraram que 91% dos pacientes que tinham finalizado o tratamento com o pembrolizumabe, no segundo ano de terapia, estão vivos e sem progressão da doença há 10 meses.

Dentre os resultados de longo prazo apresentados no Asco, o tratamento com o pembrolizumabe foi associado a uma melhora de 30% na sobrevida: metade dos pacientes do grupo do pembrolizumabe permaneceram vivos quase três anos depois do início do tratamento, comparados a 39% dos pacientes no grupo que recebeu a imunoterapia anti-CTLA-4, ipilimumabe. Além disso, neste período o pembrolizumabe praticamente dobrou a sobrevida sem avanço da doença — 31% dos pacientes do grupo do pembrolizumabe estavam vivos e sem progressão do diagnóstico, comparados a 14% dos do grupo do ipilimumabe.

“Percebemos um aumento de sobrevida importante para os pacientes e metade vai estar vivo ao cabo de muitos anos. No tratamento que se usa hoje, a expectativa era muito ruim, não havia como prolongar a sobrevida”, explica o oncologista Rodrigo Rovere.

Câncer de cólon

Dois estudos sobre o tema foram apresentados. Um abordou a importância da nutrição e da atividade física para uma melhor qualidade de vida dos pacientes com câncer. Trata-se do ensaio 10006, que incluiu 992 pacientes com a doença em estágio III. As pessoas analisadas tiveram uma probabilidade de morte 42% menor em comparação aqueles que tinham um estilo de vida menos saudável.

Outro trabalho destaca a ingestão de nozes como forma de diminuição da decorrência da neoplasia. Dos 826 pacientes analisados, aquelas que consumiram 57 gramas ou mais de nozes por semana tiveram uma chance 42% menor de recorrência do tumor.

Sobre o tratamento da doença hoje, o doutor Luciano explica que, em pacientes com e sem metástase, a vida é praticamente normal. Mas é importante manter hábitos de vida saudáveis para evitar a progressão da doença e possíveis complicações.

Câncer de próstata

Dois estudos apresentados este ano trazem resultados positivos para o futuro do tratamento do câncer de próstata. A droga em comum testada nos dois ensaios clínicos é a abiraterona, já usada no tratamento da doença para pacientes resistentes ao método padrão de castração. Os ensaios clínicos agora apontam para um uso mais amplo da droga.

Um dos estudos analisou o uso do medicamento associado à prednisona para pacientes metastáticos recém diagnosticados e já tratados com hormonioterapia. O outro avaliou uso da abiratona para homens com câncer de próstata metastático ou avançado iniciando a hormonioterapia.

Doutor Lucianno explica que a abiraterona faz parte do rol de tratamento hormonal e já é utilizado no Brasil há mais de cinco anos, mas sempre no cenário de segunda ou terceira linha de tratamento — ou seja, nunca como a primeira opção. “O que os estudos apresentados na Asco mostram é que talvez a droga possa ser oferecida em um cenário mais precoce do tratamento. Os resultados foram bastantes sólidos com um perfil de toxicidade confortável para o paciente, principalmente quando comparado de forma indireta com tratamentos mais tóxicos, como a quimioterapia.”

E em notícias mais próximas da realidade brasileira, a Anvisa autorizou o uso do medicamento Rádio-223 para tratamento de câncer de próstata no país. O produto, uma radiofármaco, pode ajudar a aumentar a sobrevida de pacientes que têm metástase e não respondem bem ao tratamento padrão.

“A comunidade médica sabe que o Rádio-223 é capaz de melhorar a qualidade de vida de pacientes que já passaram por tratamentos convencionais da doença. A molécula do medicamento imita o cálcio dos ossos do paciente e, uma vez injetada, vai até onde o câncer se espalhou, levando a carga radioativa para as metástases ósseas”, afirma o Dr. Gustavo do Vale Gomes, médico nuclear especialista em tratamento com Rádio-223, gestor clínico do Núcleos e integrante da Diretoria da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).

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