Faculdade cria exame que terá baixo custo
Técnica pioneira de perfilhamento genético do câncer de mama, desenvolvida por pesquisadores da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), possibilitará oferecer às pacientes exame pelo valor de R$ 1.200, quando o procedimento mais conhecido do gênero – o Oncotype DX – disponível no País em poucos serviços particulares, custa aproximadamente R$ 9.000. A queda de preço será de 85%.
Artigo referente ao estudo, que levou quatro anos para ser elaborado, acaba de ser publicado no periódico científico Tumor Biology, jornal oficial da Sociedade Internacional de Oncologia, e a patente para o método brasileiro já foi solicitada ao governo federal. “Mandamos projeto de validação para o Ministério da Saúde e ele está sendo apreciado. Trata-se de um teste genético para avaliar o risco de o câncer de mama voltar e dar à mulher o melhor tratamento, seja quimioterapia ou hormonioterapia”, explica o professor titular de Oncologia e Hematologia da FMABC e coordenador do estudo, Auro del Giglio, salientando que seria de grande importância que o exame fosse disponibilizado em larga escala, inclusive com incorporação pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e por operadoras de planos de Saúde privados.
Além dele, assinam também o estudo o coordenador do laboratório de análises clínicas da FMABC, Fernando Luiz Affonso Fonseca, e as pesquisadoras Beatriz Alves, Flavia de Souza e Renata Kuniyoshi.
Tanto a plataforma Oncotype quanto a nova técnica desenvolvida pela FMABC englobam a análise de 21 genes envolvidos em importantes processos ligados ao câncer de mama, como invasão tumoral, proliferação celular e vias relacionadas a receptores hormonais. “Deriva-se uma pontuação e a gente classifica a paciente em alto, médio ou baixo risco e se ela se beneficiaria de quimioterapia para prevenção do retorno da doença ou se a hormonioterapia traria melhor prognóstico”, disse o especialista.
A eficácia do novo exame foi comprovada a partir de estudo que incluiu 167 mulheres com carcinoma mamário em estágios 1, 2 e 3 e indicação de quimioterapia adjuvante (quando é administrada após um tratamento considerado definitivo). As pacientes foram encaminhadas para a pesquisa pelo Hospital Estadual Mário Covas, de Santo André, Hospital de Câncer de Barretos (Fundação Pio XII) e Hospital Israelita Albert Einstein.