Quanto mais personalizado o tratamento, maiores as chances de cura
Há um consenso entre os especialistas em câncer de que, quanto mais personalizado o tratamento, maiores as chances de cura. Isso significa levar em conta o perfil do paciente – inclusive suas respostas às medicações – e também do tumor. Está cada vez mais claro que um mesmo tipo de tumor pode ter apresentações e evoluções distintas – sabe-se, por exemplo, que o câncer de mama pode ser dividido em dez categorias diferentes.
Os novos medicamentos têm obedecido a essa lógica, atacando alvos muito específicos para cada um dos tipos. Recentemente, três remédios foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obedecendo a esses critérios. O primeiro é o Tagrisso (orsimertinibe), indicado para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas avançado ou metastático positivo para mutação EGFR T790M. O medicamento já havia recebido aprovação acelerada nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão. “Ele tem mostrado bons resultados no controle deste tipo de tumor”, afirma o oncologista Gilberto Castro, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A outra medicação é o Dalinvi (daratumumabe), contra o mieloma múltiplo (tipo de câncer que se origina na medula óssea). Estudos em múltiplos centros, incluindo serviços brasileiros como o Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre, demonstraram uma taxa global de resposta de 84%. “É um resultado muito importante considerando pacientes já submetidos a tratamentos prévios”, afirma o médico Marcelo Capra, hematologista do hospital gaúcho.
A terceira novidade é o Lynparza (olaparibe), indicado no tratamento de manutenção de pacientes com carcinoma de ovário seroso de alto grau (tipo de tumor de ovário avançado), incluindo carcinoma de falópio e carcinoma do peritônio. O remédio é recomendado a mulheres com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 e que sofreram recorrência da doença.